sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

De passagem

Sentei-me ontem naquela praça próxima a estação. Antes passei na banca e comprei uma daquelas revistinhas com palavras cruzadas, um maço de Gudang e um isqueiro. Não costumo fumar, mas a situação pedia. Estava frio, talvez ele me esquentasse; estava com vontade de viajar, talvez ele me levasse. Sentei. Acendi um cigarro e 
aquela primeira tragada limpou-me a alma...

As palavras cruzadas já não tinham graça, ou somente não faziam mais sentido. Resolvi parar e observar o cotidiano corriqueiro das pessoas indo e vindo numa segunda-feira às sete horas da manhã. Mas algo ali me tirou todo esse filme da cabeça. Ou melhor, alguém. E é por isso que estou escrevendo, pela pessoa que vi e sei que não mais encontrarei.

Aquela mulher, que nem o nome sei, foi como música para meus ouvidos. Distante e, num instante a desejei com tal vontade que a senti em meus braços, em minha cama. Mulher, como tem poder! E que olhos! Olhos forte e atraente... Fisgou-me de uma maneira que pude vê-la em tudo – a fumaça do cigarro que eu expirava modelava seu corpo.

Foi impressão minha ou realmente ouvi chamar meu nome? Talvez estivesse ficando louco, ela nem sabe que existo. Sim, louco a ponto fui atrás de seu vulto na minha fumaça, porém você desapareceu. E ainda não voltou, mas estou no aguardo, por isso cá me encontro, de novo, às sete horas da manhã, sentado na praça.

Foram dois minutos de êxtase.

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