segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O Jegue e a Cachorra

Faz um tempo já, cerca de uma ou duas semanas, que resolvi dar uma de jornalista: saí por aí atrás de notícia a fim de escrever uma crônica verídica. E não é que consegui? Por um instante pensei que teria que escrever sobre algo bem desinteressante, porém me deparei com algo bem esquisito, mas eu realmente vi. Dei até aquela limpada básica no olho, mas de fato eu estava de fronte com uma cena bizarra e inédita. E vocês se perguntam o que era, e eu os digo: uma Cachorra querendo se relacionar com um Jegue. Não, não me venham atirar pedras! Estou apenas colocando entre letras o que vi e já vou lhes reportar o resto da notícia.

Observava e pensava nas possíveis causas daquilo até que uma senhora, que parecia despreocupada com o que estava acontecendo, sentou-se ao meu lado e logo começou:

- A Cachorra sempre pareceu gostar muito de companhias, acho que é carente sim... Esse não é o primeiro Jegue que ela encontra, mas, com os outros, a relação nunca foi duradoura. Ela é do tipo sedutora, capaz de conduzir o macho que quiser e, depois que o hipnotiza com toda sua beleza e sensualidade, que o faz se apaixonar, esquece-o. No entanto, esse último tem sido diferente demais, estou pouco acostumada... Acho que já estão juntos faz uns três meses, mas não que ela tenha mudado, continua a mesma e isso é o que eu mesma vejo lá de cima da janela do meu apartamento. A Cachorra passa o dia todo ao lado do Jegue, porém chega a noite e dá no pé! Não sei para onde, mas com que tipo de gente anda. Machos, uma ou duas amigas, também, da mesma laia e mais machos. Saem abraçados e voltam só um pouco antes do amanhecer, antes que seu namorado acorde para seu trabalho cotidiano (cabe aqui, além do trabalho físico, cuidar e fazer carícias na namorada). Ela chega, o beija e o dia amanhece como qualquer outro... E ele, tolo, não percebe. Não percebe o que vem acontecendo desde o início, muito menos a bandeira que os amigos dão. É, isso mesmo... Os amigos já o falaram um monte, mas só levam coice atrás de coice. Além de tolo, surdo. Coitado. Bom, era isso que estava querendo saber, espero.

Optei, então, por ficar lá até a manhã seguinte. Só ficar ali, sentada e observando a vida alheia. Tão bom ser um nada, tão bom não ter influência alguma na vida de alguém, não? Ficar apenas de olho, ter muito o que falar e não ser ouvida. Ociosa.

No fim, tudo o que a senhora contara foi confirmado. Espero encontrá-la com frequência para poder atualizá-los.

Um comentário:

Anônimo disse...

O tema me lembrou Guimarães Rosa, só faltou o jegue falar hahah!

Vc escreve muito vem! =)