segunda-feira, 20 de junho de 2011

Limbo

Na minha madrugada, inspirações surgem ao silêncio com som de teclas dum computador.

Criaturas místicas e alegóricas formam-se na fumaça de incenso e flutuam pelo quarto. Entram na mente e teletransportam-me para o limbo.

Aquela sensação de tudo feito e vida inacabada. De descanso, relaxo. Desapego não. Um tempo não perdido, um tempo parado. Relógio sem pilha.

Num mundo sem cores e cheiros, pois já não enxergo mais e meu olfato não tem tato, o prazer se dá somente corporal. Desejos aguçados e meramente carnais. Um querer forte, um poder sedutor.

Ter-te para apalpar-lhe. Espaço escuro sem qualquer outra sensação, apenas corpos e curvas. Lambuzei-me em teu suor, sentí-te ofegante. Unhas que deixam rastro de esmalte rubro nas costas.

O tempo do relógio sem pilha se foi com um suspiro de dor e prazer. Veio o cheiro quente dos dois corpos sedentos.

O que já não se via, ouvia ou sentia, cravou-se ali.


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